As negociações climáticas das Nações Unidas sofreram um duplo golpe depois de um ministro francês ter cancelado a sua visita e a Argentina ter retirado a sua delegação.
Isto ocorre num momento em que a cimeira COP29 no Azerbaijão já contou com a pouca participação dos principais líderes mundiais.
O presidente francês, Emmanuel Macron, estava entre os que se recusaram a participar nas conversações. Mas agora a ministra francesa do Ambiente cancelou a sua visita depois de acusar o presidente do Azerbaijão de “crimes” coloniais e “violações dos direitos humanos” em territórios ultramarinos franceses.
Nas suas críticas, Ilham Aliyev destacou 193 testes nucleares na Polinésia Francesa como “responsáveis pela grave poluição do solo e da água”, 19 testes nucleares na Argélia e afirmou que a polícia francesa matou “vários civis” durante protestos recentes na Nova Caledónia.
A ministra do Meio Ambiente da França, Agnes Pannier-Runacher, disse que não iria à cúpula e disse que os insultos eram “inaceitáveis… e abaixo da dignidade da presidência da COP”.
Ela disse que era uma “clara violação do código de conduta” na condução das negociações climáticas da ONU.
Tentando acalmar as águas na quinta-feira, o negociador principal da Cop29, Yalchin Rafiyev, insistiu que o Azerbaijão encorajou um “processo conjunto” e ainda daria as boas-vindas ao ministro francês: “As nossas portas ainda estão abertas”.
O Presidente Aliyev provocou controvérsia ao chamar o petróleo e o gás de “presente de Deus”, que o seu país pretende explorar plenamente. Reduzir o uso de emissões de combustíveis fósseis é essencial para impedir o aquecimento global catastrófico, alertam os cientistas.
A ministra do Meio Ambiente da França, Agnes Pannier-Runacher, disse que não participaria da cúpula
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, discursou na 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
Agora, a ministra francesa do Ambiente cancelou a sua visita depois de o presidente do Azerbaijão ter acusado a França de “crimes” coloniais.
Num novo golpe para a cimeira, o novo presidente da Argentina retirou abruptamente a delegação argentina das conversações.
Embora a delegação argentina fosse pequena, a sua partida foi “sem precedentes na história diplomática do país”, disse Oscar Soria, um ativista ambiental argentino e diretor da Iniciativa Comum.
O presidente anti-sistema da Argentina, Javier Mili, não escondeu o seu cepticismo em relação às alterações climáticas e é um aliado do recém-reeleito ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
A retirada gerou especulações de que a Argentina também poderá retirar-se do Acordo de Paris, que assinou para limitar o aquecimento global a 1,5c.
Rafiyev recusou-se a aceitar a saída, dizendo que era uma “questão diplomática entre a Argentina e a ONU”.